Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 288
Publicação: 2012
Resenha
Relutei
muito desde a publicação deste livro em
2012 até realmente ter
coragem para lê-lo, fato que aconteceu somente
há algumas semanas.
Lembro-me de várias pessoas comentando sobre o livro e sobre o filme
e confesso que fiquei assustada. Romance não é o gênero do qual
mais gosto, mas não foi isso que me fez adiar a leitura e
sim o fato de se tratar de um
casal com câncer. Logo no
primeiro capítulo, Hazel Grace afirma ter câncer de tireóide desde
os treze anos de idade e não
nos deu muitas esperanças ao afirmar que estava com metástase. Seus
pulmões já estavam comprometidos e ela precisava usar uma cânula e
um carrinho com oxigênio para todo lugar que fosse.
Quando li esse capítulo pensei em desistir, mas logo fui
surpreendida com o senso de
humor com o qual os
personagens tratavam
do assunto.
Por
achar que Hazel estivesse com depressão, sua mãe sugeriu que ela
frequentasse o centro de apoio para pessoas com câncer e foi lá que
ela conheceu Augustus Waters. Ele havia
se recuperado de um câncer do tipo osteossarcoma, o que implicou
amputação de uma de suas pernas. A história entre eles acontece
com uma troca de olhares e um convite para assistir a um filme na
casa dele. Surpreendemente Hazel aceita e, a partir daí, a relação
de amizade começa a se intensificar levando ao romance que todos
esperam no livro.
Hazel
é uma leitora assídua, questionadora e inteligente. Um de seus
desejos é viajar para Amsterdã e conhecer o autor do seu livro
preferido,“Uma aflição imperial”, o qual a deixou extremamente
perturbada por não ter um final. Sendo assim, ela empresta o livro
para Augustus que pretende ajudá-la a realizar esse desejo e obter
as respostas que tanto ela gostaria de saber. Porém, a situação de
saúde de Hazel não permitia que ela viajasse, então a médica
impõe uma condição para que isso aconteça. O Augustus era bem
metafórico, vivia com um cigarro apagado na boca, tinha medo de ser
esquecido e nas horas de lazer gostava de jogar videogame. Antes da
doença, era um excelente jogador de basquete. Mas o que Augustus e
Hazel tinham em comum além da doença? O bom humor. Esse era um
aspecto positivo na história deles. Estavam conscientes de todo o
processo cancerígeno, mas buscavam viver cada dia como se não
houvesse outro.
O
livro me levou a um questionamento: como alguém que está
predestinado a morrer de uma doença tão devastadora, se permitiu
viver um grande amor? Nesse momento, me lembrei de Vinícius de
Moraes em seu poema “Soneto de fidelidade”:
E
assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Um
dos momentos mais bonitos do livro foi o
passeio que Augustus e Hazel fizeram em Amsterdã. Eles visitaram
a
casa de Anne Frank, a
qual
me
fez lembrar da apresentação de uma colega de turma sobre o livro “
O diário de Anne Frank” cuja história
pode ser
encontrada no site: http://www.annefrank.org/pt/ .
Outro momento especial foi marcado pela primeira noite de amor,
narrada de forma delicada e bem humorada. Esse tipo de romance
escrito por John Green não é tão diferente de outros que também
contam histórias entre adolescentes e tratam de assuntos delicados.
Exemplo
disso pode ser verificado no livro “Se
eu ficar”
que
mostra um
romance ingênuo entre adolescentes, um amor que busca superar o
estado de coma, trauma sofrido
após um acidente
de carro.
Segue
o link: http://becoliterario.com/resenha-se-eu-ficar-gayle-forman/.
Outro livro também que remete à história de Hazel e Gus é “
Branca
como o leite, vermelha como o sangue “ que
também envolve amor entre adolescentes e o enfrentamento da
leucemia. A resenha desse livro pode ser vista no link:
http://laviestallieurs.blogspot.com.br/2013/07/resenha-branca-como-o-leite-vermelha.html.
Alguns
aspectos me fascinaram nesse livro de John Green. A escrita é bem
envolvente e objetiva. A maneira bem humorada e leve como os
personagens lidam com temas drásticos me fez pensar que tudo na vida
pode mesmo ter um lado bom. Além disso, a escolha por Amsterdã como
cenário dos momentos românticos deu um toque mágico e me fez
acreditar que o amor de Hazel e Gus seria eternizado ali. Mas, apesar
de ter gostado muito, alguns aspectos foram negativos na minha
humilde opinião. A história, já no primeiro capítulo, traz uma
previsibilidade de como seria o final do livro, pois ao mencionar o
estado crítico de Hazel já denuncia um desfecho não muito
animador. Um outro ponto que achei um pouco cansativo no livro foi a
obsessão de Hazel em buscar respostas para o término do seu livro
favorito.
Esse
livro me marcou pela intensidade com que falou sobre a doença.
Durante a leitura, me coloquei no lugar dos personagens e senti o
sofrimento junto com eles. Confesso que me emocionei várias vezes e
na noite em que terminei o livro tive até pesadelo. A história é
muito real e quem perdeu alguém próximo com essa doença ou pelo
menos teve a chance de ir a um setor de oncologia sabe o quanto é
doloroso ler qualquer coisa sobre isso. Apesar de ter me sentido
triste com esse livro, posso dizer que ele traz uma beleza por trás
da dor, é preciso viver cada momento como se fosse o último e
eternizar tudo que há de bom. Finalizo essa resenha com minha
citação preferida:
"Mas
eu acredito no amor verdadeiro, sabe? Não acho que todo mundo possa
continuar tendo dois olhos, nem que possa evitar ficar doente, e tal,
mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo
menos até o fim da vida da pessoa "